segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Meta?

Saco cheio da seriedade da vida. Saco cheio de horários, metas, lugares, rotina, marmita, sorriso robótico.
Eu quero dançar, gritar, gargalhar. Seja onde for.
Quero poder andar descalça na rua. Os germes serão só meus, os coliformes fecais ficarão impregnados nos meus pés e não nos seus. Então, quando eu fizer isso, não me julgue.
Eu estou apenas querendo sorrir e deixar de ser séria. Um pouco, pelo menos.
Queria, na verdade, jogar malabares na frente dos carros no farol, sinal, semáforo ou seja lá como você diga isso aí na sua cidade e com o seu sotaque. Mas não em troca de dinheiro. Eu queria apenas sorrir e ver as pessoas olhando o que eu sei fazer de bom. Porque o meu melhor, definitivamente, não é ficar sentada em uma cadeira apertando essas teclas que eu agora aperto. Aliás, aperto muito mal apertadas, digito com quatro dedos, no máximo. Não me acho a grande digitadora. Nem a grande malabarista, mas que é muito mais bonito de se ver aquelas três, quatro ou cinco bolinhas coloridas dançando no ar, sobre a minha cabeça, isso é.
A minha vontade é de cuspir fogo, colocar roupas coloridas, fugir com o circo Garcia ou qualquer outro que nem seja tão popular assim, tirar coelho da cartola, viajar em turnê, conhecer cidades, lugares, mostrando o que eu sei fazer. Sim, porque eu me acho muito melhor em um palco, picadeiro, sendo um outro alguém do que sendo eu mesma.
O eu mesma é chato pacaralho. Ou então, ilumindando outros seres que ganham outros nomes ali, no tablado, na arena. Eu gosto de observar as pessoas deixando de ser elas mesmas e virando dragões, sonhos, vento, sorriso, Dona Flor, poste, barco.... Eu gosto de ver quem eu conheço virar outro. E eu gosto, sim, de ser eu atrás de uma máscara. Me esconder e poder fazer o que eu quiser. Ali, eu posso plantar bananeira, correr de costas, subir em cordas.
Ah, os malabares. Eu gosto dos malabares porque eles romperam essa barreira da lona, no palco, das luzes. Talvez, alguns achem isso a banalização de uma arte. Eu não. Eu acho lindo, acho bela a popularização da arte.
E, qualquer dia, posso parar frente ao seu carro, com uma gola colorida, pancake branco na cara e jogando bolinhas, aros ou claves para cima. Quem sabe. Quem sabe eu até cuspa fogo, esteja de perna de pau, fazendo alguma acrobacia. De fato, será bem mais prazeroso do que apertar insistentemente essas teclas que não me trazem sorriso e não me fazem enxergar colorido.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cheiro de dezembro.



Vez ou outra, enquanto caminho pela rua ou leio alguma coisa no sofá, percebo de leve o cheiro de dezembro, que toca a brisa e acaricia meu rosto.
Inebriante.
Cheiro com gosto de sorriso, é alegre.
Não conheço melhor definição.
Ele penetra na alma aguçando lembranças.
Mistura de vento morno, pedra molha e graminha,com aquele toque de não sei o quê!
Cheiro de nostalgia.
Fim de ano, recuperação, despedida.
De presente, família reunida, pisca-pisca.
Cambalhota no colchão e casa da vovó!
Vem até com música, pianos e violinos...
Liberdade!
Todos os meses têm seu próprio cheiro, mas o de dezembro é especial.
Tem personalidade forte, nenhum dos outros sobressai tanto quanto ele, de tão metido, o cheiro de dezembro até aparece por um segundo, durante os outros meses. Vem enfeitado com fitas vermelhas, de mansinho... Sapateando ao som de alguma canção.
Porém, o que ele quer na verdade, é nos lembrar da saudade que os outros tantos meses deixarão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Representação.

Mãos engorduradas, poeira na barra da calça e alguns chapéus. Suor e abraços hipócritas por todos os lados. Um pandeiro ricocheteando sob a mão calejada – viola, sanfona e essas duas vozes tentando se casar no ar parado e cheio de risadas – tudo amplificado por um humilde sistema de som. Garrafões de cachaça saltando de mesa a mesa, copos de plásticos, carne mal passada, crianças lambuzando a cara nos pratos – e mais risadas. Mulheres mal vestidas enroscadas nos braços troncudos de sujeitos acostumados ao sol. Entorno da churrasqueira de tijolos um homem ajeita os espetos carregados de picanha, asa de frango, pernil de porco, depois enxuga a testa com o braço, apanha um copo perto do chão, bebe um longo gole, então para, pega uma garrafa no chão, e joga água nas labaredas que brotam da brasa. Toma mais um gole, revira um espeto – e come um pedaço de carne já fria que restou no seu prato. Uma mulher se aproxima, agarra-lhe o braço, o copo deixa escapar um pouco da bebida, ela insiste, ele diz alguma coisa apontando para os pedaços de carne acima da brasa, ela ignora, com os braços já envolvidos no seu corpo, dançando apesar da resistência. Então ele se solta, e rodopia a mulher, o sapato frigindo o chão de terra. Aos poucos juntam- se ao grupo de casais concentrados na dança. Ao fundo, na sombra de uma pequena varanda, que recebe uma faixa com as inscrições: “Mudança pra valer!!!”, uma meia dúzia de homens de camisas bem passadas, com esposas de cabelos tingidos e esticados, tomam cerveja e uísque importado em copos de vidro. São os líderes do partido, fazendeiros, comerciantes, alguns vereadores – dividindo a atenção do candidato, seu Augusto. Larissa cuida de encher o copo do marido, de sorrir bastante para todos os convidados, de andar de um lado a outro da festa com suas pernas brancas de fora perguntando se tudo está bem, se está faltando alguma coisa. Como é que eu iria me sentir ameaçado com toda essa naturalidade, falta de culpa e segurança que ela deixava transparecer?
- É muito arriscado – eu disse ao telefone quando ela me contou da festa, que se tratava de um evento político - o partido iria comemorar a decisão da escolha de Augusto Tavares como candidato; a propósito disso eu seria convidado, porque meu pai foi um dos fundadores do partido e eu e meu irmão somos filiados.
- Você não tem que se preocupar com nada, eu lhe garanto. Ninguém desconfia de nada. Se você começar a evitar esses eventos, aí sim, vai levantar suspeitas... - fez uma breve pausa do outro lado da linha: Você vem?
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continua aqui...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Surtada

1, 2, 3... testando!
Testanto!
Ssssssom!
Ssssssssssoooom!
Pode falar? Ok. Ok...
Cof... cof...
Assim, é a primeira vez que eu falo em público e eu to nervosa. Minha voz tá tremelicando, sabe? Eu to tonta, acho que minha pressão caiu. Pressão cai fácil, né? Poxa... É calor, cai a pressão, é frio, cai a pressão. Eu num sei como acontece isso, não. Coisa de doido!
Mas eu vim aqui, não falar de pressão, mas de depressão. É, vim dar meu relato aberto, assim, ao público.
Dia desses, eu tava numa livraria, na verdade devia ser chamada de revistaria, porque eu vi lá mais revista que livros. Mas assim, tinha uma revista de uma entrevitsa com uma mulher famosa aí, Fernanda num sei do que. Aquela que fez... Fez ou escreveu, num lembro... Os Normais. E ela dizia que hoje em dia, nos tempos modernos, quem num tem depressão é que é esquisito.
Tá, eu fiquei ali pensando um pouco sobre aquilo. Na verdade, refletindo (refletir é mais chique que pensar). Aí, eu achei que até que ela tá certa, sabe? Acho que esses psicólogos nunca faturaram tanto quanto nos dias atuais. E os remédios nunca foram tão karatekas assim... (Acho essa alusão ótima pra falar sbre tarja preta... hehehe). Né? Olha só, aqui, nesse auditório lotado, com esse microfone falhando (inferno!) eu olhei na cara de cada um enquanto eu dizia o que li na revista e se eu vi duas pessoas que não fizeram 'sim' com a cabeça é muito.
É, gente... É normal. Amor te largou? Depressão. Perdeu o emprego? Depressão. Se desiludiu com seu grande sonho? Depressão, depressão, depressão. Ter depressão tá tão comum quanto queda de pressão... (Depressão - de pressão... hã? hã?...hehehe). Na verdade, olhando bem, isso aqui nem se parece com um auditório e não sei porque é que tem gente me olhando. Na verdade, eu to é me sentindo um bagaço de tão sozinha. Na verdade comparar vocês que passam, a um público que me assiste é péssimo. Comparar os restos da banca de jornal a uma livraria é pior. Comparar essa merda dessa coxa de frango com um microfone me faz sentir o que eu realmente sou: só.
Só. Aqui, embaixo desse poste que nem luz acende mais (já acho que nem o poste vai com a minha cara), olhando esse monte de carro passar, sonhando com a volta pra casa - se eu ainda tiver um lugar que eu possa chamar de casa. Estou só há três dias. Desde o dia que ele me deixou e jogou na minha cara que nunca me amou. E isso me faz pensar, ou melhor, refletir, que eu estive só durante um bom tempo da minha vida. Eu é que não queria ver. Eu é que estive cega. Eu é que... me enganei.
E, sim... Isso, sim, pode ser chamado de depressão. E é aí, que, enfim, meu sorriso se abre. Porque? Porque eu olho pra sua cara, é pra sua que passa na minha frente e ignora o que eu digo, e vejo que você também tem essa tal de depressão. Seja qual for o motivo. Eu estou sozinha com a minha dor, ela é unicamente minha, mas não estou só no mundo! Ahahahaha... Ahahahahaha...
Ahahahahahahahahhahahahahahahahahhahahahahaha....

(Continua andando pela rua e gargalhando, atravessa a av. São João e vai dando passadas pesadas e largas... Até perder-se da vista dos poucos que a observavam...)

domingo, 8 de novembro de 2009


...No fim o que restara era a imagem daquela mulher com um olhar itenso,calada, mas que a todo instante grita pedido pro mundo deixa-la sozinha...apenas ela e a dor de se sentir pequena,enganada,frágil...dor que quanto mais ela tentava inutilmente tirar de dentro de sua alma (atravéz de bebidas,cigarros e pessoas estranhas) mais fincava suas raizes dentro dela,lhe dilacerava o peito de forma tão brutal a ponto de ela só querer senti-la até o fim, para depois de tudo sentir o recomeçar se aproximando.O seu grito de silencio,grito do olhar é o primeiro passo para esse recomeçar, é o luto no qual ela se fecha e deseja apenas deixar de ser atormentada pelo mundo...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sobre a nostalgia


por: outro

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Antes.


Antes da chuva parar, ela fica mais forte. Antes da lâmpada queimar, ela brilha o máximo possível. Antes do copo quebrar, ele insiste em ser absurdamente sólido. Antes do gás do forno acabar, as chamas crescem e queimam mais. Antes do fim da melodia há o silêncio para a última nota. Antes da última palavra do soneto há o sentimento condensado em versos. Antes do sentir há o estar distraído. Antes do amar há, apenas, o não amar.

Antes da vida há a ideia. Antes da ideia há o talvez. Antes do talvez há a dúvida. Antes da dúvida há a certeza. Antes da certeza há o porque. Antes do porque há o para que. Antes do para que há o motivo. Antes do motivo há a necessidade. Antes da necessidade há a falta. Antes da falta há a perda. Antes da perda há o ter. Antes do ter há o procurar. Antes do procurar há o espaço. Antes do espaço há o tudo. Antes do tudo há o nada. Antes do nada, há.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

São Paulo, 26 de abril de 2009


Em todo e qualquer canto da cidade que passo, leio isso colado ou pixado nos muros.
E hoje de manhã, a caminho do metrô Anhangabaú, eu percebi que realmente... O amor é importante, porra!
Um mendigo me parou. Eu fiquei com medo, a princípio, o Fe me abraçou e ele disse:
-Olha, eu perdi o amor da minha vida. Era a mulher mais linda do mundo. Nunca ninguém vai amar aquela mulher do jeito que eu amo... Quer ver, quer ver foto?
Ele pôs a mão encardida no bolso e tirou, junto com a carteira de trabalho, duas fotos da tal mulher mais linda do mundo.
-A gente teve cinco filhos. E aí, ela foi embora pro Piauí com um camarada qualquer e eu fiquei aqui, com nossos filhos.
Na foto, uma mulher linda, de longos cabelos loiros. Atrás, escrito Marinalva.
-Mas sabe? Eu fiquei aqui com a nossa família, eu moro na rua e tenho família. Ela deve ter se arrependido, ela não tem ninguém. Já ouviram falar da lei do retorno? Tudo volto, tudo que a gente faz de mal pra alguém, volta pra gente.
Ele ficou mais alguns minutos ali, contando de como tirou seus documentos pra que a polícia não o prendesse e de como o amor que ele sente pela Marinalva é grande.
Se despediu e caminhou, com os pés no chão, rumo a lugar nenhum.
O Fe me olhou e disse:
-Pensa em tudo o que ele disse. Pensa em tudo o que você viveu essa noite. E pensa que toda pessoa que entra na nossa vida - até esse cara - muda uma coisinha. E eu tô feliz por ter te visto tão madura e tão crescida. Feliz e arrepiado. E pode ter certeza, vou dormir muito bem essa noite por ter te visto forte e por ter visto as atitudes que você tomou.
Fui caminhando até o metrô sozinha, enquanto o Fe ia caminhando pra casa dele... Um riso singelo tomou conta dos meus lábios... Pensei que talvez, aquele mendigo, fosse o autor de todos esses cartazes colados nos muros da cidade. Talvez seja ele mesmo o autor. Mas não importa quem seja... Pra mim, o amor é importante, porra!
[texto escrito após uma noite dolorida, mas tão feliz... texto para aquele mendigo que nem sabe quem sou, mas que mudou muita coisa na minha vida.]

sábado, 24 de outubro de 2009

A bailarina e o astronauta - Tiê

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Eu estava pensando um pouco ...


Cuidar

Eu ainda não sei em que parte do caminho o cuidado de perdeu...
Só percebi sua ausência a pouco tempo, quando vi outros cuidando,zelando pelo que é seu, pelo que é de seu afeto.
O cuidar do outro é uma das maiores demonstrações de afeto, carinho e isso me faz perguntar : quando o cuidado some fica o que?Por que ele vai embora assim sem mais nem menos, e volta da mesma forma que foi? As vezes fico pensando que pode ser tudo fruto de uma ilusão, que pode nunca ter existido cuidado ou então que o cuidado sempre existiu só não é o tempo todo explicitado.
Essa é uma questão que talvez me incomode por um tempo,talvez até encontre a resposta ou então já encontrei e ainda não a vi como resposta.
....
Eu sei é que o cuidar do outro é algo prazeiroso, demonstra carinho, respeito,amor...é um certo autrísmo egoísta cuidar do que você ama, do que te faz bem, do que te dar prazer....

domingo, 18 de outubro de 2009

Horses in my dreams - PJ Harvey

sábado, 17 de outubro de 2009

O portão do pensamento.


Há um portal atrás dos olhos,que nos leva a um mundo encantado.
Lá onde fica um castelo de paredes invisíveis.
Diz-se que do lado de fora dá para ver o brilho das palavras embaralhadas.
E que lá dentro rei e rainha discutem, enquanto o bufão faz piada da confusão dos pensamentos.
Tem hora que o amor vira indiferença e que a verdade vira mentira,
uma fábrica com parafusos perdidos,sem máquina nem maquinista.
Do lado de fora o corpo todo ( muito bobo) nem suspeita!Mas os olhos,ah!Esses não conseguem disfarçar.
Entregam todos os sonhos
em um simples cintilar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Cocoricó


GaloIndioSafadonaCam - entra na sala...

GaloIndioSafadonaCam diz reservadamente para FranguinhaCarijódelacinhoBranco: "Cocó!"
FranguinhaCarijódelacinhoBranco cacareja reservadamente para GaloIndioSafadonaCam:
"Cococó"

...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sobre ser criança...


Bom, eu que sempre leio, mas nunca escrevo por aqui, resolvi aproveitar a data em que se comemora o (tão amelístico) dia das crianças para dar o pontapé em algumas palavras presas em mim.


Estava pensando sozinha aqui no meu quarto no que está além dos presentes comprados para o dia de hoje, no que estamos fazendo com as nossas crianças e com aquela que existe (?) dentro de cada um de nós.


Penso que não basta falar sobre isso, aquele mesmo papo de ativista social sobre fome, descaso etc, o que há de se fazer é plantar futuros, semear idéias, ensinar o gosto pelo belo mesmo quando a vida só apresenta o mais escuro dos dias, quem disse que construir esse mundo é fácil? E quem disse que não é responsabilidade nossa? Hoje vou num aniversário de um ano da filha de uma amiga, festa grande e no convite ela pedia brinquedos e mantimentos para doação a um orfanato local, não sei se parecerá bobagem, mas fiquei tocada com a atitude responsável e solidária.


Atos deste tipo me fazem crer no ser humano, e sentir vontade de soprar idéias, ensinar aos tiquinhos de gente, política, filosofia, psicologia e tudo do mundo que já vivi e ainda viverei. É necessário cuidar dos nossos pensamentos culturais e sociais para incentivar os pequenos a pensar, a ter discernimento, observar o errado ou o imperfeito e criar para si e para o país uma solução, pode parecer utópico, mas vejo isso como um compromisso , não consigo achar que não é um problema meu, não me sinto bem olhando para o céu dia e noite à espera de um milagre. Lembrei-me agora, de Einstein que diz: ‘Acreditemos que no mundo não se faz milagres. Procuraremos agir de maneira a encontrá-los.’


E no mais, que junto a isso, não deixemos morrer a criança que existe dentro de nós, o eterno sorriso, os intermináveis por quês, o sabor de um doce, o banho de chuva, o machucado da bicicleta, a busca pelo novo, as bolinhas de gude, a travessura escondida, a sinceridade explícita, a lágrima de ter que ir embora, o coração puro e limpo que ainda acredita na mágica da vida!


Que nossos erês não nos abandonem jamais e nem nós a eles!


Enfim... Feliz dias das crianças pra quem for do movimento...


Beijo!


=)

domingo, 11 de outubro de 2009

Trancado.

"quando deixou
esse bagaço
no meu peito
pedaço estreito
defeito na mercadoria
do jeito que você queria"
(Alice Ruiz)



toc, toc.

Batem à porta. Não, não abre. Ele fecha os olhos e se enfia embaixo do cobertor, agarra Júlio, o gato.
Espia com um olho por uma fresta aberta por entre cobertores e lençóis.
"Pode ser um ladrão, um assassino, um psicopata que me segue pelas ruas... Não abro, não abro, não..."
Quase sai um grito. Mas ele engole seco o que gritaria. E deita novamente no sofá de veludo vermelho, coberto com os lençóis e cobertores. Júlio, o gato, faz menção de ir até a porta. Ele o segura pelo rabo e diz baixinho: "não pode, Júlio, não pode!"

toc, toc

Os olhos e dentes se cerram tensos. Não sai mais nenhuma respiração audível. As mãos tremem. Ouve passos. Pela fresta entre porta e chão, ele observa uma sombra passeando de lá pra cá, de cá pra lá. A cena o hipnotiza. Olhos estatelados. Testa franzida. Dor de cabeça.... Mil coisas passam pela sua cabeça.
Júlio, o gato, mia.

toc, toc, toc

Ele tenta desviar o olhar, tenta se distrair mexendo nos dedos, nas unhas. Mas mal consegue se mover. Morde o canto dos lábios. Pensa em pular a janela... mas se lembra que mora no décimo terceiro andar.
As pernas não mais o obedecem. Sua frio.

-Caralho, Murilo! A gente vai ficar nessa infantilidade até quando? Abre a porra da porta! Abre!

A boca se abre em espanto. Olhar paralisado. "Eu não acredito. É ele, é ele. É pior que qualquer psicopata, é pior que assaltante, assassino... É ele."

-Eu... eu falei pra você não me procurar, vai embora! Vai... eu to pedindo. Por favor, vai embora!

-Eu quis vir. Eu precisava vir. Eu não consigo ficar o ressto da vida sem olhar pra você, sabendo o mal que te causei. Você sabe, eu já te disse e... Não quero dizer do lado de fora. Abre a porta, Murilo! Abre.

-Quantas vezes eu já abri a porta pra você? Quantos dias e quantas horas você já esteve aqui dentro da minha casa, do meu quarto, dos meus planos, da minha vida? Pra me largar aqui, com essa dor que é só minha, com o Júlio, o gato e com essa porra dessa tarja preta que eu nunca imaginei que tomaria? Eu não te quero mais aqui. Eu não abro mais portas pra você. Você não entra mais aqui...

Silêncio. Suspiros de um lado. Respiração ofegante do outro. Os cobertores continuam sobre a sua cabeça.

-Vai embora. É tudo amor e é muito amor. E eu não quero. Não quero mais que seja amor. Então vai. Vai. Me deixa apagar da cabeça, do corpo toda a nossa história. Vai. Antes que o amor se transforme em ódio. Antes que...

Passos no corredor. Pela fresta entre porta e chão, ele observa os pasos se afastando.

-...eu abra todas as portas e janelas.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Eu estava ali deitado - Conto de Luiz Vilela interpretado por Matheus Nachtergaele.




Dica por Marcos Vinícius Almeida

abra.aço




o enlace perfeito, o encontro do peito com a respiração.
do sorriso refeito, do encontro sem jeito das nossas mãos.
mãos que correm afoitas, buscam, seguram, apertam.. até sentir pulsação.

mãos que entrelaçam, laços, peles, pedem, cheiro, cabelo, suspiro.
mãos que aliviam, que matam, saudade.
que matam desejo, vontade...
de abraço de amor, de dor... de amizade.

tempo que pára, que corre ligeiro.
chão que some, ar que falta...
falta que sente, vontade da gente...

um dia, quem sabe, de novo...
no enlace perfeito, noutro encontro do peito com a respiração.

do sorriso refeito, do alento do peito,
ao alívio pro meu coração.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009


" Tem o certo,o errado e tem todo o resto."

*Cazuza

sábado, 3 de outubro de 2009

Partir, andar...




-Ei, moço! Você aí, na fila do ônibus! Não vai embora agora... Olha pra mim, olha! Deixe-me ver se realmente é você que tem o olhar mais doce do mundo, que me faz derreter. Sim, é você. Não quero dizer seu nome, quero que você pareça um desconhecido e quero que agora seja como se fosse nosso primeiro contato. Talvez se começarmos do zero você possa me olhar de um modo diferente. Deixa eu lhe pagar um jantar, deixa eu me apresentar, deixa eu te fazer rir das minhas piadas de humor negro e do meu cotidiano entediante. Espera, espera mais um pouco. Vamos nos conhecer. Me deixa re-descobrir qual música dos Beatles é a sua favorita, me deixa pagar um vinho caro e você fazer cara de 'eca' quando experimentar, deixa eu te dizer coisas bonitas no ouvido. Eu te deixo tocar meus pontos fracos, te deixo brigar com meu cachorro que não sabe deixar nenhuma visita em paz, eu deixo você comer todos os pêssegos em calda da geladeira. Eu aceito seu convite pra assistir 'Duro de Matar' um, dois, cinco... Aceito sorrindo. Eu quero re-descobrir qual é o perfume que te causa alergia. Não vai ainda, não. Me deixa te conhecer... Deixa eu te fazer meu, deixa eu descobrir que te amo e que não quero que você parta nunca... Deixa eu rir da sua foto na carteira de motorista. Deixa eu ouvir sua voz dizendo "o prazer é meu, mocinha." Vamos fazer de hoje o início... vamos? Por favor, não sobe aí, não. Não entra nesse ônibus. Você não me ouve? Por favor... Não! Motorista, não deixa que ele vá... Não hoje, não agora! Não acelera! Não... não... (suspira) E eu... eu só queria te amar por mais um dia.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TOP 10 do balaozinhu - CINEMA





















não vou cometer a heresia de dizer que são os dez melhores filmes de todos os tempos. muito provavelmente assim que terminar de publicar esse post, outros dez filmes irão surgir na minha memória. essa é uma lista pessoal. de filmes especiais que tiveram importância em determinados momentos da minha vida. os filmes estão em ordem alfabética. a maioria deles vi mais de uma vez. muitos eu assistiria novamente. outros não. de qualquer maneira, se você ainda não viu algum deles, procure na locadora mais próxima de sua casa ou faça o download através dos milhões de sites disponíveis na grande rede. prepare a pipoca, tire o guaraná do congelador, e boa diversão!

A Felicidade Não Se Compra (it's a wonderful life, 1946. dirigido por frank capra. com james stewart, donna reed, lionel barrymore)

de todos os filmes que tive a oportunidade de assistir na minha vida é o que mais me emocionou. a história é simples - um chefe de família tenta se suicidar na noite de natal e recebe a visita de seu anjo da guarda para tentar lhe convencer do contrário. apesar de reunir todos os ingredientes possíveis para que frank capra conseguisse transformar seu filme numa reunião de clichês, a felicidade não se compra é comovente e se transformou no maior clássico de natal da história do cinema. eu revi esse filme um milhão de vezes, e poderia dizer que, de alguma maneira, ele já faz parte de mim. IMDB - 8.7 - trailler

Apocalypto (apocalypto, 2006. dirigo por mel gibson. com rudy youngblood, dalia hernandez, jonathan brewer)

confesso que senti medo quando fui assistir apocalypto no cinema. e não estou falando daquele medo causado por filmes de terror, cheios de maquiagens de catchup e histórias sem pé nem cabeça. o filme de mel gibson é uma experiência.
jaguar paw é um cidadão que leva uma vida tranquila, durante o império maia, até ser capturado pelo exército para sacrificar sua vida em oferenda à prosperidade de seu povo. o personagem se transformou em um dos meus "heróis" favoritos, e passa o filme inteiro lutando por sobrevivência. IMDB - 7.9 - trailler

Central do Brasil (central do brasil, 1998. dirigido por walter salles. com fernanda montenegro, vinícius de oliveira, marília pêra)

central do brasil ainda é o meu filme favorito do cinema nacional. e a atuação de fernanda montenegro, a melhor que vi em um filme brasileiro. apesar da derrota no oscar para o película de roberto benigni e a atuação de gwyneth paltrow, o filme de walter salles é um acontecimento da cultura nacional.
uma mulher que escreve cartas para analfabetos ajuda um menino a encontrar seu pai, e junto com a emoção daqueles dois a gente é levado pra dentro do coração do brasil. a cena final é uma das mais lindas que pude assistir, e sua trilha sonora é inesquecível. IMDB - 8.0 - trailler

Dançando no Escuro (dancer in the dark, 2000. dirigido por lars von trier. com bjork, catherine deneuve, david morse)

a islandesa bjork é uma das maiores cantoras do mundo, e o dinamarquês lars von trier um dos melhores diretores. apesar das crises entre os dois durante as gravações do filme, dançando no escuro é o meu musical favorito do cinema moderno.
selma está ficando cega graças a um problema hereditário, e após guardar dinheiro para realizar a cirurgia de seu filho, tem sua economia roubada pelo melhor amigo. a história é triste e crua. mas a trilha sonora é linda, e a atuação de bjork impressionante. IMDB - 7.8 - trailler

Donnie Darko (donnie darko, 2001. dirigido por richard kelly. com jake gyllenhaal, maggie gyllenhaal, holmes osbornen, drew barrymore)

o menino que tem nome de super herói cursa o colegial e despreza a maioria das outras pessoas. donnie darko tem visões com um coelho gigante que só ele consegue ver, que o obriga a fazer brincadeiras destrutivas com quem está ao seu redor. e então, num belo dia, ele descobre que o mundo irá acabar em um mês, e precisa fazer alguma coisa pra evitar isso.
o filme de estréia de richard kelly conseguiu propaganda boca a boca, apesar de seu orçamento irrisório, e se tornou num cult do cinema moderno. o final é surpreendente. IMDB - 8.3 - trailler

Ed Wood (ed wood, 1994. dirigido por tim burton. com johnny depp, martin landau, sarah jessica parker, patricia arquette)

ed wood foi o pior diretor da história de hollywood. e apesar dos seus filmes serem de péssima qualidade, essa pequena obra prima feita por tim burton, que retrata a sua vida e suas tentativas frustradas de ser um grande diretor de cinema, é uma declaração de amor à sétima arte.
convivendo com atores de quinta categoria e alguns pedaços de gravações de um bela lugosi já em fim de carreira (interpretado brilhantemente por martin landau), ed wood realiza feitos incríveis como plan 9 from outer space (eleito o pior filme da história do cinema) e glen or glenda? (autobiográfico sobre seus desejos de se vestir de mulher). IMDB - 8.1 - trailler

Magnólia (magnolia, 1999. dirigido por paul thomas anderson. com tom cruise, julianne moore, william h. macy, philip seymour hoffman)

paul thomas anderson é um dos melhores diretores/roteiristas do mundo. não apenas porque ele cria histórias surpreendentes com diálogos maravilhosos, mas porque consegue tirar o melhor de cada ator que participa de seus filmes, e suas longas tomadas de câmera revelam o seu perfeccionismo.
a princípio seria muito chato assistir a esse dramalhão com quase três horas de duração e um final aparentemente tão absurdo. mas a julgar como o melhor filme de um dos melhores diretores de hollywood... magnólia não pode passar em branco. coisas acontecerão.
ah! esse é um filme extremamente pessoal e um dos meus favoritos da lista. IMDB - 8.0 - trailler

O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (le fabuleux destin d'amélie poulain, 2001. dirigido por jean-pierre jeunet. com audrey tautou, mathieu kassovitz)

durante muito tempo eu quis casar com amelie poulain. e às vezes ainda divido desse sonho. eu poderia dizer que amelie poulain é o meu amor platônico. não apenas porque ela é linda e encantadora, e poderia ter saído de um livro da clarice lispector. mas porque o filme sobre sua vida é lindo e encantador. se o fabuloso destino de amelie poulain fosse uma escola de samba e eu fosse um jurado de carnaval, seria muito difícil não dar nota dez para roteiro, fotografia, atuação, trilha sonora, direção, e tudo aquilo que cerca esse filme. o cinema francês conseguiu realizar um dos pequenos achados da cultura moderna. IMDB - 8.6 - trailler

Um Sonho de Liberdade (the shawshank redemption, 1994. dirigo por frank darabont. com tim robbins, morgan freeman)

o internet movie database (IMDB) é o maior site de cinema do mundo. todos os dias milhões de pessoas no mundo todo comentam, analisam e dão notas para os 57 milhões de filmes disponíveis na base do site. uma sessão muito especial diz respeito aos 250 mais bem votados filmes de todos os tempos. um sonho de liberdade, adaptado do conto de stephen king que narra a história de um banqueiro condenado à prisão perpétua pelo assassinato de sua esposa, é o filme mais bem votado da lista. preciso dizer alguma coisa? IMDB - 9.2 - trailler

12 Homens e Uma Sentença (12 angry men, 1957. dirigido por sidney lumet. com henry fonda, martin balsam)

doze jurados devem decidir se um homem é acusado ou não de um assassinato, que poderá leva-lo à pena de morte. a história é simples e se passa quase que por inteiro dentro de uma única sala, com os mesmos atores, como uma peça de teatro filmada. no entanto, 12 homens e uma sentença, além de ter um dos melhores roteiros da história do cinema, com atuações brilhantes e um final surpreendente, domina a arte de conquistar a atenção de seu telespectador, e é uma aula sobre retórica. IMDB - 8.9 - trailler

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Estar só.



Não fosse por ela e alguns pombos inquietos o parque estaria completamente deserto. O banco embaixo do salgueiro chorão encontrava-se solitário, vazio, descascado. Era, portanto, perfeito para ela, refletia seu próprio estado de espírito. Sentou-se no lado direito quase caindo pelas bordas do banco, e ficou a olhar para os próprios pés... Não lhe diziam nada, eram silêncio como todo o resto.
O vento soprou mais forte fazendo as folhas do salgueiro balançaram, tocaram-lhe o rosto provocando o riso gostoso de quem há muito não ri. Por alguns instantes chegou a pensar que fosse alguém tentando pregar-lhe um susto. Só por alguns instantes chegou a acreditar que voltara no tempo. Pode ver e ouvir os amigos por perto, até sentiu o cheiro das jujubas que compartilharam ali todos os dias após a aula. Mas, como tudo o que é bom na vida, os instantes passaram rápido. Ela voltou a estar só... Sem saber como ser só.
Deitou-se no banco porque assim preenchia melhor o vazio, contemplou o céu entre os galhos e folhas e distraiu-se com os desenhos das nuvens. Aos poucos o vazio foi diminuindo e virou vapor de sonhos fervendo na panela. Perguntou-se se mais alguém em algum lugar do mundo podia ver o que ela via: um céu azul como plano de fundo, crianças pulando em uma amarelinha infinita e incontáveis sorrisos sinceros. Tudo feito de nuvens e recordações.
Passado algum tempo levantou-se e apanhou um graveto que estava caído no chão, caminhou um pouco até encontrar o campinho de futebol que como tudo, parecia abandonado. Desenhou ali sua amarelinha. Pulou até chegar ao céu.
Às vezes, tudo o que se precisa é uma dose de solidão. Uma só que é para não enjoar, que é para ninguém tornar-se hipocondríaco.

estranho mundo - parte quatro

perdeu alguma coisa? parte um - parte dois - parte três

"come mothers and fathers/ throughout the land/ and don't criticize/ what you can't understand/ your sons and your daughters are beyond your command/ your old road is/ rapidly agin'/ please get out of the new one/ if you can't lend your hand/ for the times they are a-changin'." (bob dylan, the times they are a-changin')

chamava-se oswald. e era o bandido mais procurado do país.
quando nasceu, no verão de mil novecentos e sessenta e três, os beatles haviam alcançado o topo das paradas britânicas pela primeira vez com o single please please me, e joão goulart assumia a presidência do governo brasileiro - cargo que perderia um ano depois por um golpe militar. foi também naquele ano que o presidente norte americano john f. kennedy havia sido assassinado à queima roupa por lee harvey oswald, enquanto circulava em seu automóvel ao lado do governador do texas, em frente à praça dealey, na cidade de dallas. embora não aja antecedentes que confirmem o fato, especula-se que a mãe do bandido mais procurado do país, uma professora particular de matemática, havia achado o assassino do presidente norte americano muito parecido com seu tio mais velho, morto por afogamento dois anos antes, e resolvera homenagea-lo colocando o seu nome no filho que estava para nascer.
o pai de oswald era um marinheiro português que havia atravessado o mundo deixando uma mulher grávida em cada porto que passava. embora estivesse completamente ausente da sua criação, o menino levava aonde quer que fosse uma carta enviada por ele, sua única referência documentada, que narrava suas aventuras de marujo em algumas ilhas perdidas do continente africano.
oswald passara uma infância solitária na companhia de histórias em quadrinhos e livros sobre a evolução das espécies. era um aluno exemplar e normalmente impressionava as outras pessoas com sua capacidade de memorização. aos dezesseis anos conhecera kurt wagner, o personagem noturno da série x-men, e começou a colecionar cada exemplar lançado pela marvel comics no brasil. não tinha amigos e a relação com sua mãe havia estremecido desde que ela inventara de casar com o dono de uma oficina mecânica. as outras pessoas evitavam o contato com oswald. havia alguma coisa de errada com o timbre da sua voz, na sua maneira de se vestir e na postura em que permanecia sentado na sala de aula. um dia, a caminho de casa, recebeu uma surra de um grupo de pessoas que o consideravam estranho demais para um convívio pacífico. a partir daquele momento desistiu da humanidade, e resolveu abandonar os super heróis das histórias em quadrinhos para se transformar num vilão.
no dia em que oswald saiu de casa para morar num quarto de pensão no centro da cidade, um outro atentado contra uma importante figura de estado havia acontecido. dessa vez um terrorista turco chamado mehmet ali agca - membro da frente popular para a liberação da palestina - quase matou o santo papa. oswald, a criança com um futuro promissor que anos antes havia vencido as olimpíadas estaduais de matemática e que tinha adquirido uma anti socialização graças a uma infância triste e solitária, passou o inverno de mil novecentos e oitenta e um arquitetando um plano maquiavélico para excluir todas as crianças da face da terra. com um sobretudo marrom, desses usados pelos grandes detetives e pelos jornalistas americanos da década de cinquenta, um chapéu na cabeça, uma máscara e uma pistola na mão, oswald invadia as principais escolas do país, sequestrava os estudantes e matava friamente um por um, até sumir misteriosamente como se tivesse adquirido os poderes que o seu personagem favorito das histórias em quadrinhos possuía.
e assim passaram-se os anos e oswald percorreu cada grande cidade brasileira aniquilando milhares de crianças, sem que o serviço de inteligência, a polícia ou o exército pudessem fazer alguma coisa. não havia rastros. não havia imagens da verdadeira identidade do assassino, que era chamado pela imprensa como junior, em referência ao personagem da música bad boy, composta pelo americano larry williams, e gravada pelos beatles no sexto álbum da banda. oswald demorava os exatos dois minutos e dezenove segundos que duram a música na gravação dos rapazes de liverpool para assassinar todas as suas vítimas, colocadas normalmente uma em frente a outra nos ginásios das escolas. e enquanto aniquilava aqueles estudantes, programava para que bad boy tocasse bem alto no sistema de som.
naquela manhã do dia dez de abril não havia nada que pudesse dar errado. iria invadir o portão da escola sem que percebessem e sequestraria um ou dois alunos, exigindo para que os demais se enfileiracem no ginásio. e então avistou aqueles dois repugnantes adolescentes jogados um sobre o outro no pátio do colégio e caminhou lentamente na direção deles, formando uma nuvem negra sobre os seus corpos. o terror estava pra começar.

domingo, 27 de setembro de 2009

"Sinto que é como sonhar" [Salvador setembro]

Penso que todos os meus sonhos hão sim de se realizar, talvez se trate de um otimismo exagerado entretanto é isso que me leva pra frente, é o que me faz seguir, uma espécie de norte que faz acreditar que se está no coração é por que é possível.
Apesar disso, realizar sonhos não é algo com que eu esteja totalmente adaptada, há bem pouco tempo "acordei" de um dos sonhos mais bonitos que vivi, e que me fez esquecer que as vezes a vida pode ser cinza. Há quase dois anos o colorido que se pinta na minha vida quase sempre é obra desses "seres traquinas" sim, dos amelísticos, que entraram na minha vida com a autoridade de quem avisa que dela não sairá e com os sorrisos, ah, os sorrisos mais lindos que conheci e abraços mais sinceros que já ganhei.
Conhecer Salvador estava há mais de um ano em nossos planos (meu e de rafa, amiga e minha companheira de aventura) nesse tempo centenas de e-mails, scraps, mensagens sms com combinações até o dia em que as passagens foram compradas, começava ali a contagem regressiva, em que depois do 1 viria o abraço da nossa Dora e de Vitor. Pois que Salvador não tinha sido escolhida por acaso é a terra de Dó, Vitor e de tanta gente linda.
Dora eu conheci num píc nic amelístico aqui em são paulo em maio de 2008
e se tornou minha amiga desde então, Vitor eu ainda não conhecia mas sempre me disseram que era super gente boa além de ser o primeiro amelístico que Rafa conheceu na comunidade. Depois de mais de dois anos Rafa ia finalmente conhece-lo, não era qualquer emoção, era um sentimento de visita tão sonhada de poder abraçar quem a gente tanto lamentava estar longe. Quem vive esse lamento de ter algum amigo longe sabe bem como é, sabe que a distância faz apertar o coração e que quando o outro precisa de um abraço faz querer pegar o primeiro avião pra poder estar perto, distância que as vezes faz até chorar de saudade do abraço que sequer conhece.
Dia 15 de setembro saí de São Paulo e cheguei ao aeroporto Vira Copos em Campinas com horas de antecedência (ansiosa eu? imagiiiiina!) fiquei ali esperando Rafa que logo chegou, feito o check in uma olhava pra outra e repetia a expressão "a gente tá indo mesmo!" totalmente incrédulas de que chegara o dia do nosso sonho e que a partir dali a nossa única tarefa era abrir olhos e viver aquilo.
Depois de 2 horas de vôo chegamos em Salvador, o coração não queria parar no peito, na verdade pulava numa ansiedade gigante, assim que desembarcamos vimos co
m uma plaquinha na não escrita "INOX s2" a nossa Dora acompanhada de Nai (amiga incrível da nossa Dózinha). O momento do encontro eu descreveria como abraçar alguém que você ama, simples e lindo assim! Com Dora tremendo ainda com a emoção do encontro ali em sua terra e Rafa e eu ainda bobas com o fato daquilo tudo estar finalmente acontecendo.
Dessas coisas que você precisa viver, quem tem alguma história de amizade na prazeres sabe como isso é bonito e quase que inacreditável, sabe como é preciso sentir pra crer.
A primeira noite em Salvador começou como acabaram todas as outras que se seguiram com amigos em volta de uma mesa de bar batendo ótimos papos, com risadas e boa música entoadas quase sempre por nós mesmos e com direito a foto do coração, (a prim
eira de muitas) um coração com os nomes de pessoas tão amadas e que estiveram com a gente durante todo o tempo.
Os dias seguiram cheio de encontros e momentos especiais como o primeiro abraço entre Vitor e Rafa, que finalmente se conheceram, coisa mais linda de se ver e alegria em poder estar ali pra ver o abraço dos dois. Além das noites no Rio Vermelho comendo acarajé da Dinha ou dançando no "baile esquema novo" Vitor, Dora e os amigos nos receberam de um jeito tão bonito, tão especial que era como se a gente estivesse em casa.
No domingo dia 20 acordamos às 09 da manhã após dormir cerca de 3 horas, entretanto ninguém se importava, era dia de pic nic amelístico! Pic nic combinado durante mais de um mês na comunidade e que contava com participações como a de o Israel nosso intérprido curitibano que chegou na sexta-feira e foi levar seu abraço também no pic nic, este com direito a tchu tchu, a novos abraços e sorrisos, a bons papos sobre música, a apresentações no estilo "quem sou eu" além de ótimas comidinhas. Acostumada com o clima que permeia os en
contros após tantos pic nics em São Paulo por um momento senti o mesmo que senti no meu primeiro pic nic, fiquei ali olhando o papo, os olhares tímidos, a essa altura
acreditando em tudo que estava vivendo e já com o lamento de que a viagem estava acabando. Talvez por afeição confesso, mas acho pic nic amelístico sempre especial, com duas ou com 40 pessoas sempre rende pelo menos uma boa história ou por ventura uma grande amizad
e e o de Salvador por tudo que representava foi mágico! O pic nic foi chegando ao fim, e foi diferente e também triste dar tchau a pessoas que sei que vou demorar ainda um tanto a reen-
contrar, agradecida me despedi do picnoso que teve seu final com um sorvete na ribeira e mais
tarde (mais) acarajé na Cira.
O tempo dessa vez não pediu sequer licença, na segunda-feira percorremos o Pelourinho, fomos ao Mercado Modelo, ao Elevador Lacerda e terminamos a noite como foi nossa chegada, numa mesa de bar contando histórias, ouvindo música e com uma certa dor que acompanha até hoje, a da despedida. Abraçamos Vitor, Israel e seguimos pra casa da Dó, que é preciso dizer, foi o nosso anjo durante a viagem e que apesar de exausta após 7 dias de tantos passeios não deixou de nos dar atenção e que fez a gente respirar amor durante todo esse tempo.
Terça-feira o vôo marcado pras 11:50, o dia ia ser corrido, Rafa e eu acordamos e deixamos Dó descansando, segui com Rafa pra praia, nos despedimos da Bahia tomando banho de mar numa promessa silenciosa de que voltaríamos, ainda encontramos o irmão de Dora que estava a caminho da aula e que se despediu pedindo desculpas por qualquer coisa (a gente é que deveria dizer isso rs )e dizendo pra gente voltar, pois é, vale dizer também que o irmão e tio da Dó (que ainda nos deve a receita do doce de tapióca com côco) também foram incríveis conosco! Fomos pra casa (a essa altura já era também um pouco a nossa casa) e com Dora seguimos pro aeroporto, o caminho quase todo em silêncio, de vez em quando as três trocavam olhares com uma dor comum, algo que a gente queria tanto postergar mas que já estava ali, chegamos no aeroporto e descobrimos que Vitor infelizmente não ia conseguir chegar a tempo pra se despedir, mesmo assim foi tão bonito ainda que por telefone, Dora e eu ficamos ali sorrindo e emocionadas junto com a Rafa que chorava ao se despedir do amigo de tanto tempo e mesmo conhecendo Vitor há pouco tempo eu sabia que do outro lado da linha ele devia estar desmanchando em choro também. Pois Dora estava ali nos olhando com aquela cara de despedida com os olhinhos de quem já tinha chorado tanto e que em cada abraço voltava a se emocionar, penso também que despedidas só devem mesmo existir por que sem elas não há encontros pois fosse diferente seria muito bom poder não sentir a dor de se despedir de alguém que a gente ama.
Nos abraçamos e embarcamos rumo a São Paulo, duas horas depois me vi acordada de "um sonho bom que veio", com uma dor sem fim de saudade da convivência diária e de tudo que vivemos, mas com as mais lindas lembranças, palavras, sorrisos, abraços, brincadeiras enfim, dias que eu vou levar comigo pra toda a vida, pois essas pessoas fazem parte do que eu sou, são o que de mais bonito há em mim. E quando Chico pergunta na canção "O que será, que será?..." pensando neles respondo com propriedade: É amor!


Top 10 do VJ™

É bem complicado resumir um gosto musical tão variado em apenas 10 músicas...

...mas enfim!

Espero que gostem e se divirtam bastante...\:D´



01 - Bela Fleck and the Flecktones - Stomping Grounds (Live)
02 - Breaking Benjamin - Until the end
03 - Daúde - Quatro Meninas
04 - Days of the new - The Down Town
05 - Dream Theater - Hollow Years
06 - KT Tunstall - Black horse and the cherry tree
07 - Metallica - The Four horsemen (Gold Version)
08 - Nouvelle Vague - Too Drunk To Fuck
09 - Steve Lukather - While my guitar gently weeps (The Beatles/Cover Live)
10 - The Cooltrane Quartet - Should I Stay or Should I Go (The Clash/Cover)


Oi, Amélie
É sempre bom passar por aqui , porque encontrar amigos é bom demais!
Recebi a visita de duas amigas queridas este final de semana.Foi corrido mas foi ótimo.
Amizades devem ser brindadas com o que temos de melhor.Acho que todos deveríamos receber os amigos de longe com a maior dedicação possível, afinal eles estão em outras terras que não as deles. Ficamos sempre vulneráveis em outro lugar que não o nosso.Por isso acho que é uma obrigação nossa - de quem é amigo mesmo - recepcionar bem quem vem de fora.Eles levam pra casa mais que uma mala cheia de lembrançinhas compradas aqui e ali , mais que fotografias de lugares bonitos. Levam a certeza que podem contar com o outro.Levam risos na memória , abraços na alma e saudades no coração. Fui muito bem recebida quando fui visitar alguns amigos e ,desde então , faço o possível para retribuir , fazendo o mesmo a quem me visita. Porque é muito fácil amar por palavras , mas é nos gestos que vemos o coração.
Agora preciso ir .O café estava ótimo mas tenho outros amigos pra encontrar.
Beijinhos!

Escrito por: Marcia Mello

sábado, 26 de setembro de 2009

A Arte de Ser Feliz


"Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."


Cecilia Meirelles

Não sei em que categoria se enquadra esse post, nem se se enquadra em alguma haha mas, como o dia ja está acabando e ninguém postou nada hoje, resolvi deixar esse 'textinho' aqui.
Gosto muito dele e espero que vocês também gostem.
No mais, ele diz por si só o porque de estar aqui.

=)


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sexta-feira, 25 de setembro de 2009


“A palavra é um barril de pólvora”.
Maiakovski

ESTRÉIAS DA SEMANA (25/09)

Pacto Secreto
Suspense - 16 ANOS

(Sorority Row) EUA, 2009. Direção: Stewart Hendler. Com Briana Evigan, Leah Pipes, Rumer Willis.

As jovens Cassidy, Jessica, Claire, Ellie e Megan são irmãs de uma fraternidade em uma universidade, que juraram entre elas sigilo, companheirismo e solidariedade, não importa o que aconteça. Mas sua lealdade é testada quando uma brincadeira em uma festa dá errado e Megan acaba brutalmente assassinada. Em vez de confessarem o crime e correrem o risco de destruir seu futuro, as amigas concordam em ocultar o cadáver e manter segredo para sempre. Passado um ano as garotas decidem realizar uma festa de despedida na casa da fraternidade, confiantes de que seu tenebroso segredo continua enterrado. Mas, enquanto a festa acontece na casa, as garotas recebem vídeos em seu celular com cenas da noite do assassinato de Megan, de um remetente anônimo que ameaça repassar os vídeos para a polícia. Em seguida, uma por uma começa a ser perseguida por um misterioso assassino.



Jogando Com Prazer
Comédia/Romance - 16 ANOS
(Spread) EUA, 2009. Direção: David Mackenzie. Com Ashton Kutcher, Anne Heche, Maria Conchita Alonso.

Para Nikki a vida é um jogo bem simples. Ou você é a caça ou o caçador. Ele se considera um cara muito esperto e sabe que a beleza e juventude são suas melhores cartas. Freqüentando grandes festas nos melhores clubes e nas maiores mansões de Los Angeles, ele passa os dias e as noites aproveitando o melhor que a vida pode dar. Com Samantha , sua última conquista, ele ganhou tudo que sempre sonhou. Porém ao encontrar Heather, uma sedutora garçonete, ele descobre que as regras do jogo acabaram de mudar e agora ele vai ter que decidir se vai querer continuar jogando.



Pequenos Invasores
Aventura/Infantil - LIVRE

(Aliens in the Attic) EUA, 2009. Direção: John Schultz. Com Ashley Tisdale, Robert Hoffman.

Para terem um tranquilo fim de semana em família, os Pearsons decidem viajar para uma distante casa de três andares. Eles, porém, não imaginam quantos problemas podem ter. Ainda mais depois que uma chuva de estranhos meteoros cai justamente na região em que o pai, Stuart, escolhe para levar sua esposa Nina, os filhos Hannah, Tom e Bethany, além do tio Nale, a vovó Rose, Jake e os irmãos gêmeos Art e Lee. Dentro desses ovnis estão os Pequenos Invasores alienígenas Skip, um comandante durão, Tazer, um soldado musculoso e cheio de armas, a letal Razor, e o inofensivo Spark. Com o poder de dominar a mente dos humanos, os aliens tentam descobrir uma forma de dominar o planeta Terra. Assim, eles logo hipnotizam Rick, o namorado de Bethany que decidiu visitá-la às escondidas, e o comandam para que o rapaz ajude neste terrível plano. Quando percebem que apenas os adultos são afetados pelos poderes extrasensoriais dos alienígenas, as crianças decidem se unir e fazer de tudo para salvar o planeta, enquanto os pais sequer desconfiam do perigo que estão correndo.



Entrevista- Caroline Pizzine/ talibã


Três dias de entrevista com essa moça povo!
Infelizmente (ou felizmente) não terei como colocar tudo e nem as sensações, os risos, enfim...
Foram três dias de entrevista fantásticos! Descobri uma Caroline que eu nem imaginava... E a Jé Tchu super foi a entrevistadora convidada para me ajudar, e que ajuda! Eu passava mal...
Então aí vai gente! Espero que gostem do trabalho (por que da Carol quem não gostar é por que tem algum problema digologo)
PERFIL DO ORKUT

[preparações e talz]
Nina:Carol, seu nome todo mundo já sabe mas me diga, quantos anos vc tem?
Caroline : 22, a idade do maluco!
N:quando você era mais nova vc pensava na Caroline adulta (22 anos)?
Caroline:Não, eu fui idiota até bem velha assim. Eu era bem bocó, coisa de atleta e tal. Só fui curtir depois que me aposentei.
Jéssica: Bocó como, caseira e bibibibi? [precisei colocar o bibibi da Tchu]
Caroline: Bocó! Primeiro porque era feia [super mentira dela], e outra porque a gente nao podia fazer nada, treinava de manhã antes de ir pra escola, e de tarde quando voltava. E fim de semana treinava até de tarde, então não dava pra fazer nem pensar em muita coisa. e os meus amigos eram bocózoes também.
J: E qual esporte praticava?
Caroline: Natação!
N: Desde quando treina natação? Você que quis desde sempre?
Caroline: Desde os 7, nadei no fluminense, no vasco e na seleção! Parei com 17 por conta de um bursite no ombro esquerdo... Sempre, me amarrava, era legal!... Eu tive muito de infância por conta da natação! brinquei até, sei lá, uns 15 anos.
J: Você acha que por estar aproveitando mais agora foi 'melhor assim'?
Caroline: Ahhhh, a gente nunca sabe. Mas as coisas são do jeito que tem que ser. sou feliz assim, como era feliz na época que nadava. As coisas vão acontecendo e a gente vai aceitando, sabe, cada dia é diferente! A gente cresce, amadurece. A vida muda, os interesses mudam...
N: Como a gente cresce e amadurece eu vou perguntar uma coisa, sua infância foi longa, mas e assim... Quando começou a sua adolescência, gatinhos e talz?
Caroline: Ih, lá pelos 16, antes eu já dava uns beijinhos, mas nada demais. Só fui dar com 18 anos. Aí depois desembestei também né?
[risos]
J:E foi pra namorado?
Caroline:Não!
N: O primeiro não?
Caroline:Foi pra um desconhecido, no carnaval, e era meu aniversário! Mas foi melhor assim, pelo menos nao tive que fingir pra ele que tava gostando.
J:Toda vez que você comemora seu anivesario, você comemora também o fim da sua virgindade! Que belezinha!
Caroline:Também, sempre trepo no dia do meu aniversário!
N: Dia de aniversário e signo? (só para os leitores fanáticos com signos)
Caroline: 25 de fevereiro, Peixes com ascendente em áries!
J:E você se liga muito nessas coisas?
Caroline: Não. Na verdade porque eu não me pareço em quase nada com o meu signo, mas uma vez fiz um mapa astral desses grátis online e foi tipo uma porrada na cara. Porque era muito parecido, e realmente, meu ascendente me guia praticamente. É claro e obviamente que meu lado peixes existe sim. Sou mala, carente e chorona, mas nem mostro pra todo mundo.
N: Esse não mostro pra todo mundo é o ascendente gritando! [ariana falando]
N: Profissão?
Caroline: Sou professora, de criança pequena!
N: Você decidiu quando ser professora?
Caroline: Quando meu pai ficou desempregado e a gente ficou sem grana, tinha que ajudar, sabe? Eu tinha 15 anos.
J: Vocês são em quantos em casa?
Caroline: 3. Pai, mãe e eu, e na rua da frente mora minha dinda, meu tio e minhas prirmâs, vivemos em comboio!
N: E agora que vai casar vai morar distante como acha que vai ser?
Caroline: Vai ser diferente, mas não muita coisa, às sextas vou vir dormir aqui, porque é dia de centro!
N: Você é filha de quem?
Caroline: Oxum e Oxossi, já fui chamada de tudo na comuniade, inclusive de serva de satã, então, caguei um quilo! Ah cara, criaram um fake, falaram horrores! Falaram que a Nicolle era minha filha e que ela era "doente" porque eu era macumbeira e tal, e que eu era uma piranha, blá blá blá, eu fiquei MUITO chateada, mas muito mesmo, quase saí do orkut por conta disso, mexer comigo, me chamar de piranha e talz eu juro que nem ligo, mas ela nao tinha nada com isso, sabe?! Mas enfim. Que morra!
N: A Nicolle é filha de quem? Já que estamos falando dela, e que quem vê seu orkut super se delicia com as fotos dela!
Caroline: Da minha madrinha, que é irmã da minha mãe. Que é minha segunda mãe, ela é minha prima!
N: Você é carioca mesmo?
Caroline: Sou, nasci no méier! (suburbana desde sempre)
J: E você trocaria o rio pra morar em algum outro lugar?
Caroline: Salvador! Morei lá 2 meses quando trabalhei no zoo, e me apaixonei completamente! Foi um encontro, me encontrei, Caroline, em Salvador! Me senti, mais do que em qualquer outro lugar, em casa!
N: Te vejo tão carioca engraçado! Sabe carioca malandro?
Caroline:[risos] Sou bem menos malandra do que pareço, já fui mais, quando era solteira, a monogamia muda a gente...
J: Em outras férias nunca mais viu o teu desvirginador?
Caroline: Não, nunca mais!
N: Você quer ter filhos?
Caroline: Sim, um dos meus sonhos é ter a minha família!
N: E como surgiu pra você a Amélie Poulain?
Caroline: Entããããããão! Eu vi o filme logo que estreiou, adorei!
E a primeira coisa que pensei. Nossa... que voyer filhadaputa, cheia das maledicências! Aí entrei na comunidade, e um dia, resolvi participar, no fim de 2007! E nossa... fiz grande amigos lá! Mas obviamente, muita gente me detesta, ah, claro, fui expulsa!
[risos]
N: Foi? Por que?
Caroline: Mas depois me aceitaram de volta! Por um tópico que foi aberto, para perguntar qual era o problema na PAP e tal, aí, eu bocuda, falei horrores... Que apagavam as minhas postagens, que eu não podia falar "Pênis" que não era amelístico, mas tudo na minha delicadeza de sempre... No fim das contas... eu fui expulsa! Por recriminar a ameliciedade. Porque o filme tem um contexto pra cada um, infelizmente, ou felizmente, sei lá. A minha concepção do filme é diferente da maioria.
N: Qual é a sua concepção?
Caroline: Que a Amelie é voyer, má e um tanto quanto egoísta. O cara é meio babaca, eu nunca sairia com ele. Eu gosto do contexto do filme. Achei legal, bem bolado. Ela doente mental, fazendo as coisas pra se satisfazer com a desculpa que é pros outros.
N: Concordo!
Caroline: Muita gente ali faz tipo, e é um tipo escroto! "Ai, eu sou linda, a vida é linda, a bahia é linda, caetano é lindo!" Ah pro caralho né?
N: E isso é o que mais te irrita na comunidade?
Caroline: Na verdade nada me irrita mais do que citarem meu santo nome em vão. Tipo quando o B. fez, ou quando o fake fez, tudo bem que o B. nao falou meu nome, mas foi suficientemente escroto falando do meu post anterior... Às vezes eu tô quietinha, numa fase tranquila, aí vem um imbecil e cutuca a onça com vara curta, aí eu mando tomar no cú, se fuder. blá blá blá... E eu que sou má!
Eu podia muito bem ser jujubete achar tudo lindo! e quando menos esperar, dar uma porrada na cara de um amigo "delicadamente"... Mas eu não sou assim oras. O que é bonito é bonito e o que é feio é feio e não adianta usar meias palavras.
N: Você acha que de alguma forma a PAP influenciou em coisas na sua vida?
Caroline: Claro! A gente sempre acorda já conectando pra saber os babados do dia anterior, fora que assim, eu fiz amigos pra vida toda lá! Edu, Jana, Fer, Ni, Ana Cravo, Marianna, Estellinha, Manu... São pessoas sensacionais! E que eu fico muito grata por terem aparecido na minha vida!
[pausa do 1° dia]

[Ai quem acompanha a comunidade viu aquele fake idiota na terça-feira 22/09]
N: Então Caroline, como aconteceram babados fortíssimos eu gostaria que me falasse um pouco sobre os Talibãs...
Caroline: Então, vamos lá. Os talibãs surgiram em um pós almoço aqui na minha residência, por conta do tópico Namoro Temporário e nossas discussões com algumas pessoas, aí ficamos obviamente vistos como os encrenqueiros da PAP (que nao deixamos de ser)
N: Quem são os Talibãs?
Caroline: Atualmente são: Eu, Edu, Jana, Burack, Ana Cravo, e André Pooh. Os últimos dois sumidos por motivos pessoais. Mas isso foi se perdendo. Nosso tópico ficou de lado, por nós mesmos. Temos nossas implicâncias, cada um com a sua. E todos pelos outros. Aí criamos um tópico onde a gente falava sacanagem, mal dos outros, essas coisas, e tinha uns encostos que se manifestavam de vez em quando
J: Tipo, falavam abertamente.
Caroline: é
[entramos num assunto de bolinhas que esquentam e esfriam]
Caroline: O diametro é menor do que o de um pinto né Nina
N: O que falou das tais bolinhas? [no tópico dos Talibãs]
Caroline: Falei que era maneiro, mas era foda, que depois ficava vazando colorido, espirrava e saia um negócio colorido de dentro de você, o povo quase morreu de vergonha, como se nuuuuuuuunca tivessem trepado na vida!
N: Ah... Então os Talibãs são os Deuses da discórdia amelistica?
Caroline: Nem sempre, muitas vezes estamos quietos e o povo vem mexer conosco, porque somos meio Marcia Goldschimit
J: Ou os talibãs eram aqueles que não ligavam pro que a galera achava?
Caroline: Também tem isso! É aquela coisa, eu dou gente, gosto de trepar, qual o problema em falar sobre isso?
(Eu nunca transei com meninas antes que perguntem. Nem nunca fiz suruba!)
J: Então, se o bofe traz uma amiga... e bibibibi... Você não ia se ofender?
Caroline: Assim, nao sei se rola sangue frio o suficiente pra ver o bofe comer outra!
N: Mas você comeria?
Caroline: Eu nunca pensei nisso, mas acho que não, sabe? É foda, tenho uns medos assim, de tipo, depois de casada ficar me vetindo de empregadinha com espanador no cu, sabe? [eu não entendi] Sei lá, minha intimidade com ele é uma coisa que eu prezo muito. Não sei se dividiria isso com alguém... Eu pareço piranha mas sou fiel, gente!
J: Aproveitando, sexo no relacionamento... representa QUANTO pra você?
Caroline: No início do namoro era assim... 99%. Hoje uns 50%... A gente vai substituindo aquele tesão incontrolável por outras coisas né? Amor, carinho, cumplicidade, mas assim... Mas de uma semana sem... Não da cara...
J: E, desde o começo... Vocês tem um papo aberto sobre sexo?
Caroline: Mais ou menos, hoje conversamos bastante, mas no início era difícil, por conta de experiencias anteriores dele... Eu já era assim! Namorei um broxa antes dele, foi barra, terminamos por causa disso...
J: E rolou aquele pensamento: 'a culpa é minha'?
Caroline: Não! ...Aí antes do broxa, namorei um advogado com o maior pau do mundo, mas nao era bom, e ele parecia o mestre yoda, só nao era verde, e antes dele namorei um cara que descobri depois que era gogo boy, mas ele era gato! Só que tinha muitos complexos pq eu era novinha...
J:Tia carol, namorar ou ficar?
Caroline: Namorar! Quando eu não namorava, usava o PA... [pau amigo, pra quem não sabe (eu aprendi no chat)]
N: Que lugares diferentes você já teve relações sexuais?
Caroline: Hum, na praia [ela não gostou], no carro, em um drive in, umas coisinhas básicas na Av. Brasil voltando pra casa, ah gente, no banheiro, na cozinha, na sala...
N: No geral, fale de coisas que te agradam!
Caroline: Hum... Difícil! Muuuuitas coisas me agradam:
Um telefonema, um beijinho no pescoço, acordar e ver ue posso dormir mais um pouquinho, festa, música sem noção, samba, original com aipim frito, meus amigos, o respectivo, minha família!
[rolou um comentário sobre a cerveja, e coisas em off... Na sequência...]
Caroline: Eu resolvi viver aos 17 quase 18! Tomei uns porrezinhos por aí, vomitei nos coleguinhas, mas a gente aprende... Mas ainda me perco na Amarula, o respectivo que gosta, porque eu fico como, né? (na garupa do bozo)
[Alguém comentou que cú de bêbado não tem dono e a Carol disse que o dela tem!]
J:Falando no dito, você é adepta da prática? [nem quero comentar a prática, mas acho que esta claro né?]
Caroline:Sou! Não era não, mas depois, fui gostando, apreciando...
N:Não dói muito?
Caroline:Não, fiz um curso de massagem tantrica, então... Não sou a maga do kama sutra... Mas aprendi várias coisas que são legais, que fizeram bem pra nossa vida sexual!
[como eu sou tímida eu devo ter falado de alguma coisa pessoal e ela respondeu...]
Caroline: Ah Nina. Sei lá... Nunca tive vergonha de mim, aí me ajuda a nao ter vergonha dos outros...
[eu fiquei com vergonha e super desconversei...]
N:Que filmes você gosta?
Caroline: Desenhos, infantis, musicais, comédias, romances, qualquer um com derramamento de sangue, mas tem que ser muito, tipo Jogos Mortais!
N:E livros? ou autores mesmo?
Caroline: Garcia Marques, Quintana, Cora Coralina, Augusto Cony, mas a minha preferida, ainda é a Virgínia Wolf, é que assim, eu simplesmente leio tudo, até bula de remédio, tem livros que eu acabo e falo: Caralho, que livro bom. Mas tem outros que eu acabo e não faz a menor diferença...
N: Ex? [eu havia perguntado um exemplo, mas ela entendeu ex-namorado hehe]
Caroline: Legais, ainda falo com eles...
J: E o digníssimo, nao tem ciume?
Caroline: Tem do yoda, do gogoboy e do broxa não tem não, mas morre por conta do PA
J:E traição? o que você pensa sobre?
Caroline: Complexo... Assim, traição pra mim é ter outra família, trepar com outra pessoa pode acontecer, traição é a mentira esticada, sabe? (Assim, nao quero saber se ele trepar com alguém. Mas também sei que isso pode acontecer, afinal todos temos necessidades fisiológicas...)
J: Você acha que a carne é fraca?
Caroline: A carne é fraca! A minha é, a de todo mundo é, mas acontece que quando resolvemos impor uma monogamia a nós mesmos estamos contrariando nosso instinto, é aí que acontecem nossas puladas de cerca...
N:Você acha que é uma coisa do carioca ser despojado assim?
Caroline: É sim, mais malandro, porque é mais sociável que o paulista, é aquela coisa de conversar na fila da padaria. [ui]
N:Você acha que existe essa rixa de carioca e paulista?
Caroline: Existe, eu tenho, eu gosto de alguns paulistas, mas nao gosto de como a grande maioria se porta, essa coisa de ter que andar arrumado, de nao conversar com as pessoas, da grosseria que é no metro... [ui]
N:Você odiaria os curitibanos então? [por que mesmo eu fiz essa pergunta?]
Caroline: Odeio, juro! (desculpaê Nina)
[Tudo bem, eu sou só uma paulista-curitibana]
Caroline: Mas eu converso com todo mundo no meio da rua
N:Eu também! [hunf]
Caroline: Bom dia, boa tarde, boa noite, tudo bem com você?!
O rio é meu lar!
[dessa vez a Jé Tchu desconversou... (não gente, não teve climão)]
J:Futebol tia Carol! Tem algum time do coração?
Caroline: Não sei nem o que é escanteio!
N:O que vc acha dos compositores cariocas?
Caroline: Morro no Diogo Nogueira [risos, que eu nem entendi],dava fácil, mas assim, eu gosto dos compositores cariocas, gosto do swingue que só os cariocas tem, tipo Beth Carvalho, fundo de quintal, Arlindo Cruz, Martinho da vila, é dificil encontrar isso em outro lugares... Apesar de eu ainda gostar de sertanejo... Sim, eu gosto! Eu sou bem esquisita musicalmente...
[aí vieram as partes das revelações de todo mundo em off]
J: Lua de mel, vai pra onde?
Caroline: Tailândia, eu acho! Ou Quênia! Ainda não decidimos, na verdade...
Meu sonho era que o Sergio Mallandro cantasse no meu casamento, mas ele é caro... Não tem serginho nem Magal, aí tem eu, pronto!
[pausa do 2° dia]
[burburinhos pré entrevista e talz]
N:Por que ser tão linda?
Caroline: Mamãe passou açúcar em mim!
N e J: Diz aí uma música da sua infância e uma que te defina?
Caroline:Hum, tema da minha infancia?!
Lindo Balão Azul, e música que me define? Nao tem uma específica, sou de momentos.
Mas adoro quando a Teresa Cristina canta: "Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim..."
N e J: Considerações finais!
Caroline: Foi sensacional dar a entrevista pra vocês. Um dia espero encontrar vocês duas em um boteco para brindarmos com cerveja e enchermos a pança de aipim frito!
N: Fala alguma coisa pro povo que vai te ler!
Caroline: that's all folks
(entra o presuntinho)
Ah... Nada mais justo do que falar... paunocudetodomundo!
N: Eu to te lendo nem quero isso...
Caroline: AINDA minha cara, AINDA.
[risos maléficos]
Caroline: insones.com
N: Vamos te entrevistar de novooo
Caroline: Ano que vem! Mas aí eu serei pop... Vou dizer que nao falo da minha vida pessoal
"...garota eu vou pra californiaaaaaaaaaaaa
viver a vida sobre as ondas
vou ser artista de cineeeeema
o meu destino é ser staaaaaaaaaar..."



É isso aí galera...