segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Meta?

Saco cheio da seriedade da vida. Saco cheio de horários, metas, lugares, rotina, marmita, sorriso robótico.
Eu quero dançar, gritar, gargalhar. Seja onde for.
Quero poder andar descalça na rua. Os germes serão só meus, os coliformes fecais ficarão impregnados nos meus pés e não nos seus. Então, quando eu fizer isso, não me julgue.
Eu estou apenas querendo sorrir e deixar de ser séria. Um pouco, pelo menos.
Queria, na verdade, jogar malabares na frente dos carros no farol, sinal, semáforo ou seja lá como você diga isso aí na sua cidade e com o seu sotaque. Mas não em troca de dinheiro. Eu queria apenas sorrir e ver as pessoas olhando o que eu sei fazer de bom. Porque o meu melhor, definitivamente, não é ficar sentada em uma cadeira apertando essas teclas que eu agora aperto. Aliás, aperto muito mal apertadas, digito com quatro dedos, no máximo. Não me acho a grande digitadora. Nem a grande malabarista, mas que é muito mais bonito de se ver aquelas três, quatro ou cinco bolinhas coloridas dançando no ar, sobre a minha cabeça, isso é.
A minha vontade é de cuspir fogo, colocar roupas coloridas, fugir com o circo Garcia ou qualquer outro que nem seja tão popular assim, tirar coelho da cartola, viajar em turnê, conhecer cidades, lugares, mostrando o que eu sei fazer. Sim, porque eu me acho muito melhor em um palco, picadeiro, sendo um outro alguém do que sendo eu mesma.
O eu mesma é chato pacaralho. Ou então, ilumindando outros seres que ganham outros nomes ali, no tablado, na arena. Eu gosto de observar as pessoas deixando de ser elas mesmas e virando dragões, sonhos, vento, sorriso, Dona Flor, poste, barco.... Eu gosto de ver quem eu conheço virar outro. E eu gosto, sim, de ser eu atrás de uma máscara. Me esconder e poder fazer o que eu quiser. Ali, eu posso plantar bananeira, correr de costas, subir em cordas.
Ah, os malabares. Eu gosto dos malabares porque eles romperam essa barreira da lona, no palco, das luzes. Talvez, alguns achem isso a banalização de uma arte. Eu não. Eu acho lindo, acho bela a popularização da arte.
E, qualquer dia, posso parar frente ao seu carro, com uma gola colorida, pancake branco na cara e jogando bolinhas, aros ou claves para cima. Quem sabe. Quem sabe eu até cuspa fogo, esteja de perna de pau, fazendo alguma acrobacia. De fato, será bem mais prazeroso do que apertar insistentemente essas teclas que não me trazem sorriso e não me fazem enxergar colorido.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cheiro de dezembro.



Vez ou outra, enquanto caminho pela rua ou leio alguma coisa no sofá, percebo de leve o cheiro de dezembro, que toca a brisa e acaricia meu rosto.
Inebriante.
Cheiro com gosto de sorriso, é alegre.
Não conheço melhor definição.
Ele penetra na alma aguçando lembranças.
Mistura de vento morno, pedra molha e graminha,com aquele toque de não sei o quê!
Cheiro de nostalgia.
Fim de ano, recuperação, despedida.
De presente, família reunida, pisca-pisca.
Cambalhota no colchão e casa da vovó!
Vem até com música, pianos e violinos...
Liberdade!
Todos os meses têm seu próprio cheiro, mas o de dezembro é especial.
Tem personalidade forte, nenhum dos outros sobressai tanto quanto ele, de tão metido, o cheiro de dezembro até aparece por um segundo, durante os outros meses. Vem enfeitado com fitas vermelhas, de mansinho... Sapateando ao som de alguma canção.
Porém, o que ele quer na verdade, é nos lembrar da saudade que os outros tantos meses deixarão.